20/12/2008

Contra-texto

Meu orientador - que é a pessoa mais perspicaz e inteligente que eu conheço - disse que meu TCC defendia argumentações que se contradiziam ao longo do texto, o que me fez pensar bastante.

Não sobre o conteúdo do texto em si, pois isso já não me importa, pelo menos agora que ele já foi aprovado e coisa e tal. Essa aparente contradição me mostrou o quanto cultivo carinhosamente esses antagonismos complementares e, inclusive, me recuso abrir mão deles. Neste espaço virtual postei textos absolutamente contraditórios, seja internamente, ou ainda que se contrapõem a outros textos. Mas, principalmente, textos que contradizem todos os meus desejos, expectativas, possibilidades, projeções, lastros, enfim...

Como um aspirante à intelectual fica o tempo criticando essa gente? Isso não significa que eu esteja sendo hipócrita, pelo contrário, o que escrevo é exatamente o que penso. Mas, penso coisas contraditórias (velho bom, duplipensar), entre outras aporias.

O texto em que falo sobre Livros, por exemplo, o imenso inventário das frustrações humanas. Ora essa, nada mais importante para mim do que os livros. É por eles que vivo, não vou disfarçar, me envergonhar, ou o que for. Sou uma traça, mas não me alimento do papel, mas do sentimento que brota quando leio. Simples assim. Vivo do jogo de espelhos da leitura: o que lemos é aquilo que alguém quis escrever, ou aquilo que eu mesmo quis ler num texto alheio?

Mas, embora traça, reconheço a arte maior: a música. É somente na música tocada ao vivo que podemos retornar ao Éden... Todos procuram o belo, gregos, antigregos, subgregos...

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