07/08/2008

desenhando no ar

Chega aquele momento em que fico triste, amargurado, profundamente ansioso... e já nem sei mais por qual razão. Queria ter a capacidade de odiar os outros, culpar o Bush, o Capital, o Lula, minha namorada ou meus professores, meu TCC, mas a genética e alguns traumas de infância me tornaram incapaz de odiar alguém ou alguma coisa.

E isso não é bom, pelo contrário, torna-me uma pessoa introspectiva, ingênua, frágil à escrotice alheia. Mas, na pior das hipóteses, eu consigo sentir pena ou desprezo pelas pessoas. Nada mais. A idéia de que eu possa atrapalhar ou incomodar outrem me é extremamente desconfortável. Só consigo ofender alguém no meu jeito maroto e irresponsável de ser, no mas alguém está bravo comigo porque não tem nada melhor pra fazer.

Isso é a segunda coisa que me tornou uma pessoa angustiada; a primeira é não saber jogar futebol. De onde eu vim você pode ser feio, burro, pobre... Se sabe jogar bola tá tudo bem. Não ter o hábito de odiar e não saber jogar bola arrasa com a vida social de qualquer pessoa.

Mas, não quero reclamar. Minha vida é boa, poderia ser muito pior. Aquele aperto no peito, aquela descrença com o futuro, aquele sentimento que nada vale tanto esforço e sofrimento... é puramente meu. Não culpo ninguém, e não preciso de motivos para ficar triste.

Também não preciso de motivos para ficar feliz. Com tudo que é sonhador e pueril em mim já devidamente estrangulado, meus momentos de prazer são cada vez mais bobos e simplórios. Acima de tudo, a música. Um cheiro no pescoço dela. Uma piada.

exercitando alteridade de mim mesmo. desenhando no ar.