01/04/2006

Quando vi ele, nem perdi tempo e já emendei um murro na cara. Não pude ver seu rosto, vivo de sombra apenas, vestindo aquele paletó cinza. Não vi o rosto, mas senti os olhos em mim. Ele caiu no chão com o soco, fui ver de perto e levei um chute no saco escrotal. Senti a agonia me torcendo em decúbito doral numa poça da mais pérfida água, quando abri os olhos senti a força da sola do sapato dele na minha cara. uma, duas, três vezes. Meu rosto, forma disforma forjada no afago da fogalha, sangrando, jorrando vermelho, caiu ao lado. Silencio. Finjo de cachorro morto. Ele não perde por esperar. Seguro o pé dele, e subo, levanto. O baque da sua nuca no chão é violento. Não hesito, fúria feroz fere ferro a soco a cara dele, até doer o punho no duro do dente danificado, sangue meu misturado ao sangue dele. Ergo sua cabeça com os meus punhos. Fito seus olhos, seu rosto vermelho. Vejo o meu rosto vermelho. O meu paletó cinza. Acabo de matar a mim mesmo.
Ele des-acorda. Eu des-espero.