04/06/2011

Toda história precisa de um fim, mesmo que pra depois recomeçar.

Este é o fim deste blog, que vem agonizando a muito tempo. Quase não suporto mais lembrar que ele existe. Lembrar destes textos cheios de entusiasmo e criatividade que eu era capaz de produzir anos atrás. Agora o preço de me transformar num bom profissional acabou com boa parte desta espontâneidade. Na difícil luta pela conquista do entusiasmo vale todas as coisas.

No entanto, estes anos foram os mais felizes da minha vida, apesar de alguns textos mau-humorados e depressivos. Eu espero que no futuro eu não seja mais um daqueles que olha para o tempo de faculdade lembrando da melhor época da sua vida, como se fosse um passado remoto e morto. Eu quero que esta melhor época da minha vida, quando eu fui capaz de amar loucamente, quando fui capaz de sonhar e lutar pelos meus sonhos com todas as forças, ainda volte a acontecer na minha vida.

Eu espero poder voltar a sonhar e amar como um dia eu fiz, quando fui imensamente feliz mas não fui capaz de perceber.

Adeus, e desejo a todos aquilo que Demóstenes desejava aos seus inimigos: "Boa Sorte".

16/03/2011

The White Stripes The Union Forever



It can't be love
for there is no true love
It can't be love
for there is no true love

(...)

You said the union forever
You said the union forever
You cried the union forever
but that was untrue girl

cause It can't be love
for there is no true love
It can't be love
for there is no true love

14/03/2011

o desejo é um labirinto sem saída onde a frustração é voltar ao mesmo lugar, e o sucesso é não chegar a lugar nenhum.

19/02/2011

passo uma esponja de rimas nas feridas da alma, mas o esforço pra lembrar é mais forte do que a vontade de esquecer. Queria beber do rio do esquecimento, lembrar demais impede de seguir em frente. Lembrar o sentimento é fácil, difícil é esquecer o ressentimento.

13/02/2011

o maior inimigo de uma pessoa é sua capacidade de auto-sabotagem.

update: black swan.

21/01/2011

Aprendi muitas coisas nos últimos dias.
Aprendi o que é arrependimento e ódio. Que não devo confiar em ninguém. Que é demais exigir amor além da necessidade de amar. Que não sou tão forte quanto pensava que era. Que sou muito mais burro e idiota do que pensava que era. Que minhas paranóias e inseguranças podem acabar com a minha vida de uma forma que nunca imaginei.

Por muito muito pouco não deu certo, mas esse muito muito pouco é o suficiente pra acabar comigo. Que fiz a maior besteira da minha vida, mas que não posso voltar atrás. Mesmo se pudesse, faria tudo igual pois não posso mudar a mim mesmo, nem outras pessoas. O tempo não perdoa nada, mas esquece tudo.

Então vou esquecer, excesso de história é prejudicial à vida, e arrependimento não mata, mas definha aos poucos.

17/01/2011

Serial Experiments Lain Ending Full Tooi Sakebi



Tooi Sakebi

Nan no tsumi mo nai hazu na no ni
Nanraka no batsu wo uketeru
Jibun de maita tane de mo nai no ni
Sakimidareta hana tsumasareru
Shiranai koto to mo ienai ga
Katabou katsuida oboe wa nai
Jiyuu wo takaku kawasareta ki mo suru ga
Kokoro made yasuku utta oboe wa nai

Hey hey kutabatte osaraba suru made
Hey hey dare no te ni mo kakaranai
Tooi yoru wo urotsuite-iru
Shiranai darou eien no narazu mono-tachi wo

Yurusenai shiuchi de mo nai ga
Iyaseru kizu de mo aru mai
Nakesou na yoru ni wa onna daite
Kono chinke na shaba kara taka tobi sa

Hey hey kutabatte osaraba suru made
Hey hey dare no te ni mo kakaranai
Tooi yoru wo urotsuite-iru
Shiranai darou eien no narazu mono-tachi wo

Nan no tsumi mo nai hazu na no ni
Nanraka no batsu wo uketeru
Jiyuu wo takaku kawasareta ki mo suru ga
Kokoro made yasuku uritobasu hara wa nai...

Um grito distante

Pensei que eu fosse inocente
mas estou sendo punido
Não fui eu que comecei isso
mas vou ter que terminar de alguma maneira
Não posso dizer que eu não sabia de nada
mas eu não me lembro de fazer parte disto
Tenho a sensação de que a liberdade me custou algo precioso
mas não me lembro de ter vendido barato a minha alma

Hey hey até que eu morra e diga adeus
Hey hey ninguém nunca irá me pegar
Você não deve conhecer
os foras da lei eternos que vagam pela noite distante

O ato não era imperdoável
mas suas feridas são incuráveis
Em noites quando eu apenas quero gritar
eu me agarro a uma mulher e vôo para longe deste insignificante mundo corrupto

Hey hey até que eu morra e diga adeus
Hey hey ninguém nunca irá me pegar
Você não deve conhecer
os foras da lei eternos que vagam pela noite distante

Pensei que eu fosse inocente
mas estou sendo punido
Tenho a sensação de que a liberdade me custou algo precioso
mas não tenho coragem para vender tão barato minha alma...

14/03/2010

Quando era mais jovem, e ainda sou, então quando era muito jovem, gostava de pensar como uma certa música me ensinava:

E se eu fosse o primeiro a voltar
Pra mudar o que eu fiz
Quem então agora eu seria?

Me confortava pensar que todas as minhas escolhas foram irremediavelmente certas, posto que se eu não as tivesse feito assim, agora seria eu outra pessoa, então, não poderia eu julgá-las.


O tempo passa, e pensando ser imune ao arrependimento, descobri que não o era. Não que me arrependa das coisas que fiz, muito longe disso, mas das coisas que não fiz, isso sim.


Não abandonei minha antiga filosofia, e acreditando ainda naquela música, descubro que o importante não é mais desejar ter feito as escolhas certas, mas sim desejar ser outra pessoa. Assim quando me imagino no passado, vejo a alteridade de mim mesmo, me vejo outro, gostaria de ser igualmente outro no presente.


Mas, para o passado não há remédio, resta o futuro que é uma esparramação do presente. Meu medo é justamente que o passado nos oprima de tal maneira que não se consiga fugir dele de forma a buscar o futuro diferente, restando apenas o desejo de ter sido outro no passado.


E daí que sempre oscilo em duas crenças contraditórias: que nós somos as nossas escolhas, e ao mesmo tempo nós não as escolhemos. Como se os sonhos escolhessem os homens, e não os homens aos sonhos. Se escolhemos assim, é que assim somos, assim nascemos.


Eu que acreditava no caráter certeiro, posto que irremediável, das minhas escolhas passadas, acabo acreditando que todos os meus presentes, passados e futuros, foram como que definidos pelas deusas do destino: Fiandeira, Distributriz e Inflexível.



E fico imaginando se Distributriz tivesse puxado os fios em outros momentos que não estes quando os puxou e me fez assim como sou. Se Distributriz me tivesse reservado outros destinos, quem eu seria? E se Inflexível tivesse decidido cortar o fio justo quando nasci, como deveria ter sido quando do meu nascimento, se não fosse a intervenção médica me desenrolar e cortar o outro fio, o umbilical.

Seriam minhas escolhas irremediáveis? Estaria eu condenado a ser eu mesmo?
Penso que gostaria ao menos de ser mais do que eu mesmo.

Eu gosto é do estrago.

25/10/2009

Olhos Inocentes – A Evolução da Visão


No inicio existiam criaturas unicelulares que podiam flutuar de um lado para o outro e farejar algumas mudanças químicas em seu mundo de “caldo primitivo”. “Isto é tudo que existe para ser aprendido”, elas disseram, e continuaram suas existências limitadas, absorvendo e dividindo, absorvendo e dividindo, e criando muitas outras iguais a si mesmas.


Mas uma minoria radical de alguma forma sabia que havia muito mais Lá Fora do que proteínas e cadeias de aminoácidos. Elas podiam sentir isso em seus cílios, flagelos e nucléolos. Elas não tinham como provar, mas sabiam que havia mais a ser conhecido Lá Fora. Embora a maior parte da comunidade bacteriológica rejeitasse essa tese radical e taxassem seus defensores como loucos, uns poucos quiseram levantar o véu e conhecer o restante do universo.


Então eles colocaram a sua vida potencialmente eterna em risco e, com medo e água quente, organizaram-se em monstros multicelulares. Naquele momento transcendente eles ABRIRAM O SEU PRIMEIRO OLHO! Não um olho verdadeiro, claro, mas uma coleção de nervos óticos ativos.


Boa Jogada! Agora elas podiam SENTIR suas conexões com o caldo primitivo que as envolvia, e sabiam um pouco mais sobre o que havia Lá Fora. Isto concedeu-lhes uma vantagem extraordinária sobre os desprovidos de sentidos, os quais tornaram-se seu alimento. Impulsionados por esse novo fluxo de informações, a nação nematóide inventou o sexo. Outra boa jogada, porque assim, além de se multiplicarem como doidos, naquele momento mágico de união enlouquecida, também entravam em contato com um sentimento silencioso nas profundezas de seus nervos.


Ainda havia mais a ser aprendido! E enquanto o restante dos vermes escarnecia e chamavam-nos de loucos, os pioneiros concentraram seus nervos na direção do estímulo fraco, impossivelmente fraco que se dirigia a eles todos. Num momento transcendente eles ABRIRAM O SEU SEGUNDO OLHO!


Luz! Som! Filmes coloridos! Mais uma boa jogada! O universo continuou a se descortinar para eles, numa explosão sensual de informação sobre O Que Está Lá Fora e sua conexão com essa coisa. E eles mergulharam nesse universo de possibilidades – comendo, reproduzindo, assistindo 500 canais de TV a cabo. Um frenesi de diversão sensual mais tarde, o caldo orgânico agora estava cheio desses Filhos do Agrupamento Organizado de Nervos.


Embora algo nas profundezas de suas glândulas lhe dissesse que ainda havia mais a ser conhecido, a maioria deles cometeu o erro de seus ancestrais unicelulares. Eles escarneceram da noção de que ainda havia mais a ser descoberto, e muitas formas de descobrir, e chamaram esses dissidentes de loucos. Muito bem, mais uns pioneiros concentraram sua atenção no som parado e doce que se encontrava do outro lado da consciência sensorial, misturado em alguma parte dentro dos recessos do seu sistema glandular e, num momento transcendente, ABRIRAM O SEU TERCEIRO OLHO!


Mais uma boa jogada! Eles receberam mensagens e informações sensoriais desconhecidas pelo povão ou pelos analistas de sistemas, e tão difíceis de serem explicadas às pessoas comuns quanto ensinar trigonometria a uma minhoca. Eles deram outro salto quântico em seu conhecimento sobre O Que Está Lá Fora e sua conexão inefável com essa coisa. Mas, o resto das pessoas comuns e dos analistas de sistema chamaram-nos de loucos. Bem, vinte e um zilhões de bactérias disseram a mesma coisa a um milhão de anos atrás. E adivinha o que elas são hoje? Bactérias!


Portanto, eu lhe digo: seja louco! Seja voluntariamente insano diante do resto do mundo. Vista a sua loucura individual com orgulho! Derrube a tirania dos mecanismos de abastecimento neurológico e liberte os seus sentidos!


Clan Book Malkavian 2º Edition

24/10/2009

Chove muito agora. Não pára de chover. A vida é muito difícil pra mim. Não do conta de todas as possibilidades que ela me oferece. Acontecem muitas coisas ao mesmo tempo, e nunca paro de ter a sensação que eu estou em outro tempo. Como se eu vivesse num desconcerto temporal. Num desarranjo contínuo, onde tudo que me cerca estivesse acelerado. Eu me sinto lerdo.

01/09/2009

Sobre o desaparecimento de Belchior.

O próprio já disse:

"Esses casos de família e de dinheiro
eu nunca entendi bem"

"Fotografia 3x4"
Alucinação (1976).

21/06/2009

Retro-alimentação.

O que é uma merda é que, se formos sinceros mesmos, não temos controle nenhum da nossa mente. Os momentos de euforia e melancolia que nos abalam, por motivos relavantes ou não, são sempre incontroláveis.

É tudo uma manifestação psíquica temporária. Nada permanece, tudo se transforma. As lembranças que ficam são cuidadosamente digeridas pelo inconsciente, de forma que nada escapa da boca sempre aberta do tempo. Se na intimidade da sua mente você ama, odeia, sofre ou goza, é porque assim escolheu. Se você odeia algo, odeia a si mesmo. Se ama algo, ama a si mesmo. Tudo no mesmo espaço, mas não no mesmo tempo. O tempo destrói todas as coisas, menos a vontade de esquecer, e o esforço pra lembrar.

É como alimentação... o tempo destrói todas as comidas, menos a vontade de comer e o esforço pra cagar.

A única experiência psíquica pura é o vazio. Porque quando você pensa sobre algo do mundo da vida... é porque aquilo que você está pensando já morreu.

Eu já escrevi quase tudo isso antes aqui, eu sou uma pessoa muito repetitiva. E se meus últimos posts foram sobre citações de livros, é que cada vez me convenço mais que ler é mais importante que escrever, embora um não faça sentido sem o outro. Tenho lido muitas coisas interessantes...



(Arcimboldo, "O Cozinheiro", 1570)

18/05/2009

Pecado.

"No Secretum, Petrarca faz da acídia a característica principal de sua vida psíquica. Ele designa por este nome o efeito de uma incapacidade de querer, de uma indolência ou de uma preguiça que o impedem de prolongar sua vontade em verdadeira ação. A acídia seria o sentimento de tristeza próprio daquele que sabe muito bem o que tem que fazer, que conhece o obstáculo que o impede de cumpri-lo, mas que, no entanto, não faz nada de decisivo para sair dessa situação, e multiplica os desvios e as falsas razões pelas quais ele adia o momento da resolução autêntica. A acídia é esta tristeza da impotência diante de si próprio”, p. 4.


BESSE, Jean-Marc. Ver a terra: seis ensaios sobre a paisagem e a geografia. Trad. Vladimir Bartalini – São Paulo: Perspectiva, 2006.