05/10/2008

Livros

Eu sempre fui um apaixonado por livros. E sempre acreditei que havia algo de nobre nisso, algo que estivesse além da própria vida. De alguma forma eu acreditei na história de Érico Veríssimo: a vida é um touro e existem três tipos de escritores. Um monta num cavalo, chama o seu peão, e amarra o touro facilmente. Outro o provoca, dando mostras de grande coragem, mas quando o touro avança furiosamente, ele foge e sobe para a segurança de uma árvore.

E existe o terceiro, o Dostoiévski/Toríbio, que agarra o touro na unha.

Acreditava que alguma coisa de vivacidade podia ser lida. Sempre tive um imenso prazer nos livros, os devorava intensamente, sem nem pensá-los direito.

Eu acreditava sinceramente nisso, mas conforme fui me tornando um profissional dos livros, acabei percebendo que na maior parte do tempo os livros falam apenas de outros livros. Em Homero, talvez, ligado a algo mais próximo da vida que um livro - um canto - talvez explique algo de sua vivacidade arcaica.

Além de Dostoiévski, sempre ele. Ali sempre encontro aquele mar de sentimento que me invade um peito, quando percebo a pulsação da vida em cada parte do meu corpo.

No mas, toda erudição do mundo não vale mais que o simples riso, aquele arrebatamento no peito, até o mais ridículo e intenso orgasmo. Diante disso meu tão glorioso mundo dos livros nada mais é que um grande inventário das nossas frustrações, desde os gregos, subgregos e antigregos.

2 comentários:

Momo disse...

e lah vai ele... desacreditar novamente, duvidar constantemente... como sinto tua falta guri!
uma mente viva em meio à escrotisse alheia...

luciano disse...

é verdade.