07/04/2007

Eu sou um materialista. Explico.

Quando eu era um piá, estava no máximo na quarta série do fundamental, minha professora pediu para que fizéssemos um desenho a respeito da liberdade.

As crianças realizaram suas obras, em torno de gramados verdes, imaginando-se correndo com o vento contra o rosto, numa paisagem bucólica que expressava tranquilidade e calma. Sem horário para voltar para casa. Sem ter ninguém para dizer o que fazer.

Eu não. Desde pequeno já era amargo e pragmático. Desenhei, obviamente, dois quadros que representavam um rapaz trabalhando e, no quadro seguinte, comprando comida com o dinheiro do seu trabalho. Argumentei sobre a minha idéia de liberdade com a maior naturalidade. Todos me olharam com espanto e desdém, inclusive a professora. Porém, nada me dissuadiu de que aquilo era liberdade, acima de qualquer outra idéia.

Creio que o materialismo histórico estava impresso no meu sangue, através das correntes do imaginário trabalhista. As ideologias da grama verde não me iludiram, eu sabia que, na nossa sociedade, liberdade física significa dinheiro, e liberdade moral significa trabalho.

No entanto, a maioria das pessoas de esquerda - socialistas, comunistas, anarquistas, e o escambau - pregam a revolução enquanto correm na grama verde. Ignoram que liberdade consiste em escolher os próprios grilhões.

Ignoram que - por mais que possamos gritar, berrar, ou constuir racionalidades - nós somos constituídos pelas cinzas das nossas paixões.

Um comentário:

Anônimo disse...

hum, concordo contigo quanto a boa parte (mas não todos) os comunas daqui do vale. Mas não acredito que dinheiro signifique liberdade (vide clube da luta). abraço